Nunca acreditei muito que a vida fosse feita de surpresas. Achava uma grande bobagem pensar assim. Pra mim as coisas aconteciam como tinham que acontecer e na hora que bem lhe convém, agente é que as vezes fantasia demais e acaba perdendo o começo dos acontecimentos, aí quando chega o final nos surpreende tanto que acabamos denominando-o de surpresa. Mas se tivessemos mantido mais os pés no chão, veriamos que no fundo não seria tão surpreendente assim.
Bom, era assim que eu pensava. Pelo menos até conhecê-lo.
Sempre mantive os pés no chão, nunca me permiti sonhar alto demais.
Não gosto de cair, muito menos de me machucar, sendo assim evito sempre grandes alturas. Mas com ele não deu pra evitar. Me entreguei de corpo e alma. E pior.. de olhos fechados. Fui subindo, subindo, subindo... E quando dei por mim já estava alto demais pra voltar. E lá em cima tudo era novo, tudo me surpreendia. E eu gostava. Gostava mesmo. Tanta coisa nova que eu desconhecia. Tanta sensação boa de sentir. Era como se eu me jogasse de um precipício a cada dia. Não sabia o que me esperava, mas mesmo assim me jogava. Na certeza apenas de que ele estaria lá. Sempre de braços e sorriso aberto. Aí eu tinha certeza que surpresa nenhuma me faria mal.
Mas isso como tudo na vida, não durou pra sempre.
Com o tempo as quedas eram mais constantes. E se antes eu saltava de um precipício a cada dia, agora eu caia de um a cada minuto, e nem sempre você estava lá pra me receber. Muitas vezes até estava, mas o sorriso já não era o mesmo. As surpresas que tinha aprendido a amar, agora eram cruéis e tristes. E eu as odiava. Mas já não era possível voltar de onde estava sem me machucar mais. Doía tanto, mas doía muito mais saber que precisava me jogar de uma vez por todas, e dessa vez sem você.
Me joguei.. e sei que doeu. Muito. Mas no fundo, no fundo...
nada disso teria me surpreendido tanto se não fosse a altura.
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