Desordem

Minha foto
Goiânia, GO, Brazil
Inconstante e imprevisível. Quase sempre em profunda desordem e confusão.. mas sempre com sinceros motivos e sentimentos extremamente aflorados. Não escrevo com a intenção de que gostem tampouco de que me entendam. Apenas escrevo. E me sinto bem com isso. São os 10 minutos do meu dia que tiro para ser eu (ou pelo menos tentar). São palavras confusas, muitas vezes tristes e outras tantas com excesso de alguma coisa... amor, saudade, alegria, raiva, tristeza, desejo, paixão... tudo quase sempre exagerado. Não me julgue e nem ao menos tente me entender pelo que eu escrevo, nem tudo foi verdade, nem tudo eu vivi. Grande maioria eu fantasiei ter vivido por um motivo qualquer que naquele momento me pareceu válido. E no fundo eu queria mesmo que tudo fosse como eu escrevo, sem mudar uma vírgula do lugar.

sábado, 23 de outubro de 2010

    E quanto mais ela tentava, mais procurava.. mais ela percebia o quanto havia se perdido. Tanto que já não sabia se consiguiria voltar e ir por outro caminho. Fosse ele qualquer um. Não importava mais que fosse o certo, não agora. Ela já não tinha mais essa pretenção, sempre acreditou que caminho certo é para aqueles que realmente fizeram por onde o encontrar, aqueles que muitas vezes erraram mas que souberam reconhecer o erro e principalmente lidar com ele, mas Lori não, ela errou muito, e sempre escondeu o erro por traz de um " Maiz uma vez, e aí então será a última. ". Ela disse e repetiu isso inúmeras vezes, tantas que já nem sabe mais quantas foram. Foi escondendo, escondendo... acreditando erroniamente que um dia os esqueceria. Mas não, nunca os esqueceu e esses erros continuaram pesando sobre seus atos. 
   Certo dia resolver andar. Triste e decepcionada mais uma vez saiu numa noite qualquer à procura de nada e à espera de menos ainda. Queria simplestmente andar, ouvir o barulho das pessoas, principalmente as que soam felicidade e ver as estrelas novamente. Foi aí que ela sentou em um ponto de ônibus, esses onde ninguém costuma parar tarde da noite, não teve medo de estar ali. Afinal, temer o que? O que ela deveria ter mais medo de perder já havia deixado em alguma esquina da vida. O respeito próprio.
    Ali sentada ela pode por alguns instantes ver sua imagem, ela já não era ela, era apenas um ser que avistava a Lóri de longe, tão longe que não adiantava gritar tentando em vão aconselhá-la. Olhou todas aquelas cenas muda, ficou apenas observando e vendo no que a vida aos poucos havia se transformado. Viu aquela criança com olhar ofuscante de felicidade que só queria proteção, que só queria alguém em quem confiar, que só queria um amor. Não aqueles imortais como nos filmes, mas aquele que cresceu ouvindo Vinícius de Moraes dizer: " Que seja infinito, infinito enquanto dure." 
   Pode observar o quanto foi submissa, mesmo quando não precisava ser. Sempre agiu pensando em todos, menos em si. E por tentar agradar a todos, não agradou ninguem. E quando por fim se viu frente a frente, olhou bem nos seus olhos, assim como quem olha nos espelho, e não encontrou mais aquele brilho de antes. Nada ali parecia ter vida. Mas uma voz gritava lá no fundo, implorava que Lóri pela primeira vez acreditasse em si.. só uma vez.   
   Ela então chorou, chorou como só as crianças conseguem. Não tinha mentira naquele choro, chorava como alguém que enfim acabava de sentir livre, tão livre que chegava a ser assustador. Não sabia se chorava de tristeza ou alegria, afinal os dois sentimentos coexistem, e muitas vezes não sabemos ao certo qual pesa mais. Chorou durante vários minutos, e ao fim com os olhos vermelhos e marejados sorriu, como quem abre os braços para que a felicidade a alcance. Fechou os olhos e sentiu a brisa bater levemente em seu rosto. Levantou-se, tirou os sapatos sujos e caminhou de volta para casa olhando as estrelas e agradecendo-as só por estarem ali aquela noite.

Música do texto - Abismo / Jorge Vercillo e Ana Carolina

Nenhum comentário:

Postar um comentário